Hoje damos-vos a conhecer a incrível Olga Silva, uma verdadeira lutadora em prol dos animais e a fundadora da Associação de proteção Animal Os patudos. Uma história de perseverança que é uma inspiração para todos nós!
Bem-vinda, pode apresentar-se e partilhar o seu passado no mundo do resgate de animais?
Desde que me conheço por gente que tive animais. Fui criada com os meus avós em Cernache rodeada por animais. Andava sempre a tentar salvar passarinhos que caiam do ninho, a fazer abrigos para os gatinhos e à noite queria dormir cá fora com eles.
O que a levou a fundar a associação de protecção animal “Os Patudos”?
Por estar reformada e por várias vezes encontrar situações graves de animais e não haver resposta por parte das entidades competentes. Por ter um sonho de criar uma associação perfeita: fazemos resgates, vamos a denúncias de maus tratos; Socializamos animais traumatizados;Temos a porta aberta a voluntários; Fazemos acções de sensibilização nas escolas;Temos um número sempre acessível – 910 170 715.
Fale-nos dos seus companheiros de equipa e sobre como funciona a equipa de salvamento?
São pessoas que dão o seu tempo em prol dos animais. Temos uma equipa fantástica.
Temos vários abrigos e equipas responsáveis em diversas áreas: responsáveis de abrigo
responsáveis de gatil, responsáveis de FAT, famílias de acolhimento temporário, etc.
Temos também uma equipa de resgate e intervenção animal, entre os quais temos pessoas com boa capacidade física inclusive uma gnr.
É óptimo que tenha podido envolver-se tanto e fazer realmente a diferença para estes animais. Na sua opinião, qual é o aspecto mais desafiante do seu trabalho e como é que lida com o seu custo emocional?
O que eu realmente mais gosto é o resgate. Estar horas às vezes dias para tentar resgatar um animal. Emocionalmente é muito intenso. Chora se muito. Tenho que ser forte pois sou o pilar da associação mas vivo tudo com muita intensidade e como é óbvio envolvo-me a 100%. Todos os animais que resgatamos fazem parte de mim.
O nosso lema é : PERSISTIR INSISTIR E NÃO DESISTIR!!! A ASSOCIAÇÃO TORNOU SE PARA A NOSSA EQUIPA UMA MISSÃO.
Acha que com a informação hoje em dia disponível, há menos animais a serem abandonados, ou ainda assim pensa que esta situação ainda está a atingir números bastante elevados?
Nesta altura estão a acontecer muitos mais abandonos. As pessoas após pandemia, estão a abandonar muito os animais, aliás são os primeiros a ser descartados.
Deve ser tão gratificante quando se vê um cão ser finalmente adoptado, após uma longa estadia no abrigo. Pode partilhar connosco uma história duma adopção que o/a tenha marcado?
São várias. Talvez o Chico me tenha tocado mais. Era um cão tipo estátua. Completamente aterrorizado. Vítima de todo o tipo de abusos. Foi retirado ao “dono” por maus tratos. Tinha terror a pessoas principalmente a homens. Esteve meses comigo. Melhorou bastante mas foi finalmente na família definitiva que após meses ele se encontra totalmente reabilitado.
Infelizmente, há por aí tantos estigmas sobre os animais resgatados. Por exemplo, o facto de se acreditar que os animais de resgate ficam “traumatizados” e que depois não farão bons cães de família. Quais são os conceitos errados mais comuns sobre a adopção de animais que gostaria de ver corrigidos?
O cão é o melhor amigo do homem. O nosso melhor amigo não o escolhemos em bebé, sou apologista que se adotem cães adultos que já têm a personalidade defenida. Que não se seleccionem nem pelo porte nem pela idade. Porque é com a personalidade que vamos coabitar. Tem que haver empatia. Cães traumatizados assim como as pessoas, com amor e paciência são recuperáveis.
Parece-nos que a indústria de resgate de animais pode ser muito gratificante mas ao mesmo tempo, por vezes desoladora. Que conselhos tem para alguém interessado em se dedicar ao resgate e cuidado de animais abandonados?
O tempo que perdemos com pessoas (algumas) às vezes torna se uma perda de tempo. Esse tempo não o pudemos recuperar. Todo o tempo passado com animais é tempo de qualidade. Os animais dão-nos mais que nós a eles! Digo muitas vezes a quem me diz:
Você é tão boazinha salva tantos animais. Eu respondo: Os animais é que me salvam a mim todos os dias!
De certeza que tem muitas pessoas a querem envolver-se mais na causa da associação, mas que não são capazes de se comprometer a tempo inteiro. De que forma é que poderão contribuir para ajudar a esta associação?
Os Patudos são uma associação de proteção animal, sem fins lucrativos. Sabemos que as pessoas conscientes e os voluntários dão tudo o que têm e muitas vezes o que não têm. Sabemos que as dificuldades atuais que o país atravessa e infelizmente, também os Patudos atravessam as mesmas dificuldades. Poderão ajudar-nos de várias formas: Tornarem-se nossos sócios, fazer um donativo monetário, por transferência bancária; IBAN PT50003300004551574106905; Fazer um donativo em géneros: ração, mantas; Partilhar a informação para chegar ao maior número de pessoas, através das redes sociais, Serem voluntários, adotarem um animal.
Data da publicação deste artigo – 18/04/2021
Edição da Entrevista: Exposer Magazine
Fotografia: cortesia da Associação de Proteção Animal “Os Patudos”