Ricardinho, a lenda mundial do futsal Exposed

Hoje a Exposer dá-vos a conhecer a lenda do futsal mundial que nos falou acerca das suas inspirações, paixões e dos seu feitos, rotinas, inspirações e paixões. Apresentamos-vos o Ricardinho!

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Começando pela tua infância. Qual é a tua primeira memória relacionada com o futebol?

Lembro-me desde sempre de ir com a bola para a escola e de jogar depois de voltar da escola no “parque” em Fânzeres, onde fazíamos dos bancos para sentar as balizas, e de com apenas 6 anos pedir o bilhete de identidade à minha mãe, porque queria jogar federado, numa equipa chamada Estrelas de Fânzeres!

Como é que foi crescer no Bairro Timor em Gondomar?

A minha ida para o Bairro de Timor em Valbom (Gondomar) aconteceu porque tivemos um incêndio na casa que tínhamos em Fânzeres e, na altura, o estado deu-nos três possibilidades e decidimos ir para Valbom.

Foi muito duro no início. Depois de um incêndio, significava começar do zero. Deixei a escola para trás, os meus amigos, o meu clube… mas com o tempo adaptamo-nos bem, criamos novos laços de amizade e voltei à minha paixão que era e é jogar.

É verdade que é um bairro onde existe criminalidade, como droga e assaltos, mas fez parte do meu crescimento e da minha mentalidade forte, porque tive de arranjar forma para não cair nesses caminhos. 

Quem foi o teu primeiro grande ídolo no mundo do futebol?

Quando era mais jovem, o meu grande ídolo era o Ronaldo Fenómeno. Mais tarde, tive mais alguns grandes nomes como Devo, Figo, Ronaldinho, entre outros. 

Como é que surgiu o Futsal na tua vida?

Pura coincidência! Eu jogava e sempre quis jogar futebol. Joguei até aos 13 anos, até que um dia me tiraram ou mataram o sonho, devido à minha altura. Foi então que decidi que deixaria de jogar. Um dia, num 25 de Abril fui convidado para jogar um torneio de futebol de 7, já depois de estar inativo há cerca de um ano e eis que correu bem, fui feliz e ganhamos o torneio. Nesse dia, uma menina/senhora chamada Carolina Silva, treinadora, viu algo em mim e pediu-me para jogar na equipa dela de futsal. Depois de muito pensar e negar, aceitei, e aqui estou eu!! Quem diria que o dia 25 de abril, alguns anos largos mais tarde, ia ser realmente uma data inesquecível para mim, com a conquista da Champions de futsal no Benfica!

Quem foi o teu primeiro grande ídolo no mundo do futebol? 

Quando era mais jovem, o meu grande ídolo era o Ronaldo Fenómeno. Mais tarde, tive mais alguns grandes nomes como Deco, Figo, Ronaldinho, entre outros. 

Como é que surgiu o Futsal na tua vida? 

Pura coincidência! Eu jogava e sempre quis jogar futebol. Joguei

até aos 13 anos, até que um dia me tiraram ou mataram o sonho, devido à minha altura. Foi então que decidi que deixaria de jogar. Um dia, num 25 de Abril fui convidado para jogar um torneio de futebol de 7, já depois de estar inativo há cerca de um ano e eis que correu bem, fui feliz e ganhámos o torneio. Nesse dia, uma menina/ senhora chamada Carolina Silva, treinadora, viu algo em mim e pediu-me para jogar na equipa dela de futsal. Depois de muito pensar e negar, aceitei, e aqui estou eu!! Quem diria que o dia 25 de abril, alguns anos largos mais tarde, ia ser realmente uma data inesque-cível para mim, com a conquista da Champions de futsal no Benfica. 

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Ainda te lembras do teu primeiro golo ao serviço do Gramidens? 

Infelizmente não me lembro mesmo… Lembro-me de vários golos, mas o primeiro não! Mas gostaria de o ver e relembrar! 

E de tudo o que já vivenciaste pelo mundo fora, qual foi a diferença cultural que mais te impressionou?

Pela positiva, foi a do Japão. Amei o Japão! O respeito, a maneira de viver, todas as experiências foram incríveis. A pior, foi a Rússia. Pessoas frias tal como o país, mas serviu como aprendizagem, naturalmente. 

Agora falando da nossa seleção onde tiveste uma estreia de sonho no europeu de 2007 com quatro golos marcados. O que é que significa para ti, poderes vestir a camisola da seleção e representar o teu país? 

Foi, sem dúvida, inesquecível. Em minha casa (Gondomar) foi incrível, foi pena não termos conseguido nem a final nem uma medalha, seria a cereja no top do bolo naquela altura, mas jamais vou esquecer. Vestir aquela camisola, ouvir o hino e poder representar milhares de pessoas foi inesquecível e das coisas mais bonitas que vivi! E ainda continua a ser um orgulho imenso. Cada treino, cada jogo com a camisola da seleção é emocionante e vou sentir a falta quando terminar! 

Falando do coletivo, já são 32, os títulos que conseguiste na tua carreira profissional, tanto ao nível de clubes como da seleção portuguesa? Quais é que tiveram para ti um sabor mais especial? 

Sinceramente não sei quantos são, sei que são muitos, mas não conto. Quando terminar de jogar vou ter tempo para os contar e perceber realmente tudo aquilo que conquistei numa modalidade que me acolheu para a vida! O futsal deu-me tudo e eu tento somente retribuir da melhor forma o que sei dentro e fora de campo! A primeira Liga em casa que venci, a Champions, o título pela Seleção Nacional… todos eles têm a sua importância, cada um à sua maneira. 

Impressionante, 6 vezes o melhor jogador de futsal do mundo! Em que momento é que surgiu o “click”, e te apercebeste que tinhas realmente o potencial para vir a ser o melhor jogador do mundo? Até onde é que vai a tua ambição? 

Esses sim, tenho contados porque, até à data, é um record e até porque são poucos e fáceis de contar. (risos)

Quando venci pela primeira vez, em 2010, com toda a honestidade, senti que vinha com um ou dois anos de atraso… No entanto, sentes, sem dúvida alguma, uma alegria enorme porque és o número 1 de milhões de praticantes no mundo. Obviamente que teria ainda mais valor se fosse valorizado mais pela FIFA ou pela UEFA, mas ninguém me tira essa sensação.

Fico contente porque fui o primeiro português a dar esse mérito na nossa modalidade e espero que hajam mais no futuro porque Portugal tem muito talento! Sempre senti que podia ser o melhor na modalidade que praticava, era tudo uma questão de trabalho e ter sorte com as lesões, porque sou muito ambicioso! 

Como é que te preparas mentalmente para cada jogo? Tens algum hábito especial ou alguma superstição?

Antes tinha. Ligava sempre para a minha mãe. Mais tarde, deixei de acreditar nisso porque acho que tudo deve ser treinado e preparado e então comecei a preparar-me mais a nível de concentração, a visualizar coisas boas que podiam acontecer e, também gosto de ouvir música, música alegre, divertida, que se possa dançar, porque é o que tento fazer em campo! Vejo também vídeos dos rivais em casa para poder escolher quais os adversários menos fortes e saber melhor os pontos fracos da equipa! 

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Qual é a tua rotina diária de treino? Segues algum regime alimentar?

Houve tempos que fui muito rigoroso. Agora um pouco menos, talvez por terem sido muito anos a fazê-lo, mas gosto de me cuidar. Acima de tudo, amo treinar, sinto necessidade, e isso ajuda para que, de vez em quando, possa saltar o regime. (risos) 

Fala-nos um pouco sobre a Academia Ricardinho & Ortiz e sobre os planos para o futuro deste projeto…

Academia de Tecnificaçao é uma academia que foi criada por uma necessidade de fazer voltar novamente o jogador criativo, para não se perder essa ousadia e capacidade de ter bola, de não ter medo de errar. É isso que tentamos transmitir e passar aos mais jovens por todo mundo, como já fizemos no Japão, Bolívia, Espanha, e muito em breve nos Estados Unidos. Hoje em dia, os treinadores tiram muito a capacidade criativa dos atletas, querem robots, jogadores mecanizados e depois queixamo-nos de que não há criatividade e golos criativos… Espero que seja um projeto para muitos anos. 

Antes do projeto da Academia, lançaste ainda dois livros, o “Ricardinho Magia nos pés” e o “A magia acontece onde há dedicação”. Qual foi para ti o maior desafio como autor?

O mais difícil e maior desafio foi tentar explicar e mostrar o que realmente queria a quem iria escrever, mas acho que foi passada a mensagem e estou muito feliz por isso! 

De que forma é que tu costumas usar a tua influência, especialmente nas redes sociais com mais de 1M de seguidores para fazer a diferença?

Tento mostrar um pouco (não em exagero) a minha vida privada/pessoal para as pessoas perceberem que não sou nenhum robot, que sou humano, que tenho dias bons e maus e que também tenho problemas, apesar de ter o trabalho de sonho e que ainda tenho o meu salário e recebo carinho por o fazer. Depois, mostrar um pouco do backstage dos treinos, jogos para tentar ajudar na preparação para o que eu chamo

de sucesso, que é dar o teu melhor a cada jogo, mas até lá há e existe obrigatoriamente uma preparação, nem tudo é sorte e talento! E também existe espaço para criar algumas parcerias com entidades, marcas ou iniciativas com as quais me identifico. 

O que é que costumas fazer no teu tempo livre? Tens mais alguma paixão que não seja o futebol?

Gosto muito de piscina, praia, jogar PlayStation, estar com meu amigos e família. Sou um fã acérrimo de Poker e um dia gostava de me dedicar a esse jogo de perícia que tanto gosto. 

Lançaste uma coleção de jóias. Como surgiu este desafio? Qual a tua relação com a moda? Onde podemos encontrar os teus acessórios?

Eu sou um amante de moda, aficionado por jóias e acessórios e sempre manifestei para com a minha agente, a Diana Ramos, da Glam, a vontade de fazer algo nesse sentido. Portanto, o convite surgiu através da minha agência e foi um caminho feito lado

a lado. Gostava de criar algo com uma marca nacional até que surgiu a Zarco. Em parceria com esta marca portuguesa, desenvolvi uma coleção cápsula de acessórios masculina, composta por 4 peças exclusivas. Todas as peças foram pensadas para um homem fashion, ativo, que cuida de si e gosta, como eu, de ter um elemento para marcar um momento especial. 

Finalmente, qual é a mensagem que gostarias de deixar aos mais novos, que sonham um dia vir a ser jogadores profissionais de futebol como tu?

Em primeiro lugar, que nunca levem um NÃO como algo que lhes vai impedir de fazer o que mais amam, que lutem pelo que querem ser mesmo sabendo que podem não conseguir, porque só perde de verdade quem desiste e não vai atrás. Depois, que saibam ouvir, respeitar e melhorar cada dia, porque de tudo se aprende! 

Data da publicação deste artigo – 16/02/2022

Texto: Exposer Magazine 

Fotografia: Ricardinho