Sinestesia – a capacidade de “ouvir as cores e ver os son” – Exposer Magazine

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Consegues sentir sons ou visualizar sinfonias de cor sempre que ouves uma música? Se a tua resposta for um “sim”, poderás ter uma condição maravilhosa conhecida como a sinestesia, que partilharás com muitos grandes artistas, escritores e músicos.

Pessoas com a condição de sinestesia, vivenciam uma combinação única de dois sentidos ou percepções. Isto podem ser sons automaticamente associados a gostos, sons com cores, ou até mesmo letras escritas com cores. Na verdade, existem vários tipos de sinestesia, e as pessoas que têm um tipo também podem vir a vivenciar outros.

Um exemplo daquilo que um sinesteta sente é como se ouvisses música no rádio e ao mesmo também estivesses a ver uma paisagem colorida de formas em movimento na tua mente, e os vocais invocariam imagens mentais de uma única linha de cor em movimento – um pouco como uma pincelada de tinta em spray, a pairar no ar. Muitas pessoas com a forma mais comum de Synestesia chegam mesmo a ver números e letras com cores uma cor, cada e continuarão a visualizar sempre essa letra ou número com essa mesma cor.

Um estudo dum grupo de investigadores da Universidade de Boston, em Massachusetts, sugeriram que cerca de “1 em cada 100.000 pessoas a 1 em cada 5.000 pessoas” tem uma ou mais formas de sinestesia.

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Então, mas o que é que causa estas percepções cruzadas? Os investigadores nem sempre concordam, e, de facto, a sinestesia pode surgir através de diferentes mecanismos em pessoas diferentes. Alguns estudos sugerem que a condição é herdada geneticamente. Outros afirmam que é uma série de respostas aprendidas, mas a maioria aponta mesmo para uma base neurológica. Alguns estudos revelam conexões incomuns nas regiões cerebrais adjacentes dos sinestetas, semelhantes às dos bebés… De facto, acredita-se que todos os bebés tenham sinestesia até os quatro meses de idade, quando o processo de desenvolvimento a nível sináptico acaba normalmente por romper essas conexões neurológicas.

A sinestesia pode vir a ser uma grande fonte de inspiração, e talvez isso seja parte da razão pela qual tanta arte e tantas invenções tenham vindo exatamente de sinestetas. Exemplos famosos incluem, Pharell Williams, Vladimir Nabokov e Vincent Vang Gogh, entre muitos outros.

Também poderá ser pragmaticamente útil, pois as associações que aciona podem ser facilmente usadas como dispositivos mnemónicos, permitindo que os sinestetas recuperem certos tipos de informações com mais facilidade. No futuro, de acordo com alguns cientistas, os estudos sobre os mecanismos da sinestesia em mais detalhe poderão vir a fornecer informações cruciais para a pesquisa em ciências cognitivas e permitir que todos nós entendamos melhor como é que nossos cérebros nos guiam e nos ajudam a navegar pelo mundo.

Texto: Exposer Magazine 

Fotografia: synesthesys.org.uk